ELECTROCARDIOGRAMA - ECG

O Eletrocardiograma (ECG) é a representação gráfica dos impulsos elétricos gerados por nosso marcapasso fisiológico. O marca-passo natural do coração é chamado nó sinoatrial (nó SA) que localiza-se no átrio direito. O coração também contém fibras especializadas que conduzem o impulso elétrico do marca-passo (nó SA) para o resto do coração.


O impulso elétrico sai do nó SA (1) e vai para o átrio direito e esquerdo, fazendo-os contraírem juntos. Isso leva 4 segundos. Há então um atraso natural para permitir que os átrios contraiam e os ventrículos se encham de sangue. O impulso elétrico então vai para o nó atrioventricular (nó AV) (2). Depois, o impulso elétrico vai para o feixe de Hiss (3) e se ramifica nos feixes direito e esquerdo (4) onde se espalha rapidamente usando as fibras de Purkinje (5) para os músculos do ventrículo direito e esquerdo, que se contraem ao mesmo tempo.
Qualquer tecido elétrico do coração tem a habilidade de ser um marca-passo. Porém, o nó SA gera um impulso elétrico mais rápido do que os outros tecidos, então normalmente é ele que controla. Se o nó SA falhar, as outras partes do sistema elétrico podem assumir o controle, mesmo que usando uma velocidade mais lenta.
Apesar das células marca-passo criarem o impulso elétrico que faz o coração bater, outros nervos podem mudar a velocidade de disparo dessas células e a força de contração do coração. Esses nervos são parte do sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso autônomo tem duas partes; o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. Os nervos simpáticos aumentam a velocidade do coração e sua força de contração. Os nervos parassimpáticos fazem o oposto.
Toda essa atividade produz ondas elétricas que podemos medir. A medida é representada como um gráfico chamado eletrocardiograma (ECG).

Cada onda do traçado tem o nome de uma letra:

* Onda P - coincide com a propagação da atividade elétrica nos Átrios e começo de sua contração.
* Complexo QRS - coincide com a propagação da atividade elétrica nos Ventrículos e começo de sua contração.
* Onda T - coincide com a fase de recuperação dos Ventrículos (repolarização).


Familiarizem-se com as ondas existentes no ECG e à que áreas elas estão relacionadas para que possamos correlacionar suas anormalidades. Iniciaremos em breve a apresentação das principais arritmias cardíacas e suas características eletrocardiográficas.

Existe uma forma prática e bem didática para começarmos a nos familiarizar com o traçado eletrocardioigráfico. Ao se depararem com um ECG, a primeira coisa a fazer é:

Identificar as ondas existentes. Identifique a onda P, o complexo QRS e a onda T.
Em seguida analise a onda P e certifique-se que para cada complexo QRS exista uma onda P que à antecede (isso é obrigatório).
Visto isso, meça o intervalo P-R que obrigatoriamente deve ser menor que 0,2 seg (intervalos maiores falam a favor de bloqueio de 1º grau).
Passe agora para o complexo QRS e analise sua forma/morfologia, e a largura da base do complexo que não deve ser maior que 0,2seg (um quadrado menor da folha milimetrada). Larguras na base do complexo QRS maior que 0,2 seg falam a favor de distúrbios de condução elétrica.
Analise o segmento S-T, que em estado normal, deve ser isoelétrico, ou seja, ele deve permanecer em cima do traçado de base do papel milimetrado. Quando isso não acontece, estamos diante de um possível IAM. Portanto, a análise do segmento S-T é de vital importância quando estamos vendo um ECG.
Veja se a onda T possui deflexão positiva nas derivações I, II e III, ou seja, ela deve estar para cima.
E por último, analise se esse ECG está ritmico ou arrítmico, medindo a distância de uma espícula de onda Q até a próxima, onde essas distâncias devem ser iguais em todas as derivações.
LEMBREM-SE:

TODA ALTERAÇÃO DE ONDA P REPRESENTA UMA ARRITMIA ATRIAL

TODA ALTERAÇÃO DE COMPLEXO QRS REPRESENTA UMA ARRITMIA VENTRICULAR.

A seguir, iremos abordar as principais arritmias atriais.


FIBRILAÇÃO ATRIAL (FA)
A fibrilação atrial ou FA, é a arrtmia atrial mais comum em unidades de terapia intensiva, sendo a complicação mais frequente em pós -operatório imediato de cirurgia de revascularização do miocárdio. Como o próprio nome já diz, podemos logo afirmar que se trata de uma arrtmia relacionada a onda P (fibrilação ATRIAL).
Eletrocardiograficamente, a FA se caracteriza pela AUSÊNCIA de onda P, pois a o estímulo cardíaco não se origina no nodo sinoatrial, mas sim, em inúmeros focos ectópicos atriais fazendo com que os átrios atinjam uma frequência de até 300 bpm.
Então, quando você analisar um traçado eletrocardiográfico e não definir a onda P, você está diante de uma FA.